domingo, 18 de julho de 2010

NOITE

Hora dos contágios
da reenergização,
do inquieto e fugaz,
da paixão,
dos vicios, do estupro,
da conspiração.
Beijos, nem todos na boca,
olhos nem todos, nos olhos,
hora do calor e do arrepio,
do cataclisma e do cio,
do sobressalto e do assalto,
da anarquia e da cisma,
das bebedeiras e da morte
nas esquinas,
do tiro no ouvido
de perder sentidos,
do falso e do fingido
da comichão no seio
do cortar os pulsos
do orgasmo e do susto
do vomitar segredos
do não e do ter medo.
Anoitecendo as horas
amanheço em mim
repleta de itinerários,
despreocupada com horários
dissimulada ,
clandestina no ópio.
Obsessivamente fascinada
pela escuridão,
pela alegria de jamais ter
portado relógios
e nem por isso ,viver na inquietação.
Noite/não é privilégio, apenas,
de bandidos e ladrões,
prostitutas e rufiões.
Noite/ do viajante
que na claridade se faz, cego,
e que não usa o tempo
para perceber os dias
e na sua loucura
encontrar remédios.
Noite/ para quem se entrega,
entre o contorno da sua fantasia,
e a camuflagem da identidade,
Noite /total rebeldia,
o abandono da blindagem diária,
fora da alucinação do dia a dia.-

Marilene Garcia para o livro NUA&CRUA

3 comentários:

  1. Se você quiser comentar sobre o poema é só ir ao LINKS para postatgem escrever e postar . Abraço grande a quem tiver a paciência em me ler.- Marilene

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  2. É verdade nobre poetisa,
    cada um tem sua noite para cantar...
    Devo dizer que cantaste a tua com a melhor das vozes!
    Receba minha reverencia...
    abraço,

    Paulo Moreno.

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