domingo, 27 de março de 2011

ELA

Sendo Ave, não viu o OVO, Sendo OVO não viu a Uva, a dona da verdade não acredita que nesta rua mora um anjo. Que nojo !

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

sábado, 24 de julho de 2010

DO ÚTERO AO AGRADÁVEL

Nascimento , ponto de partida, junta-se pedaços , lambe-se feridas
joga-se fora o tal umbigo, e inicia o processo, vida des/vida
Vôo,
vôo rasante, vôo radical, na beira do horizonte, coisa e tal,
vôo para onde?
Neurônios acomodam-se, depois desmancham-se em vão.
Se alma for pequena, cabeça feita, tronco inodoro,
o que fazer da insipidez, agora.
Batalhões humanos se devoram, perdem identidade
e nem por isso, choram,, ,
matança/rapto/sequestro
a mídia registrando palmo a palmo, sem nem me perguntar
se quero assistir,
mas não registra a minha "Declaração dos Direitos do Mar",
pois ninguém, quer saber,
Procissão de carne/sangue/suor e nervos,
obedecendo a contra/gosto, ditames, regras e preceitos.

Caminhar para onde antes da morte ?

Prosaico, salientar a disputa por elevadores,
luta pelo supérfluo, náusea pela inveja.
Depois,
depois lamber feridas e aos trambulhões
continuar na lida e na luta insana de quem chega primeiro
sem escorregar na casca da banana.
Depois, do depois seguir acomodada no Olimpo Tropical
tal qual gordo açogueiro que come a carne sem matar o boi

Fico estática no meio do caminho
se observo a turba, me cortam, esmigalham,
se corro junto, me enxergam na disputa, filhos da puta,
da puta vida.
Que nojo !
aos gritos e trambulhões entrar nesta olimpíada,
que nem de longe pensou-se disputar, um dia.
Tantos tontos vomitarão conceitos,nas suas estatais
dependurados nas suas bebedeiras,
escreverão leis, sem cumprí-las jamais
Outros,,
mascarão chicletes na hora da eleição,
levantarão bandeiras, perdendo tempo e voz
apregoando mofadas ideologias,
sem se envergonharaem, jamais.
Alguns, muitos, viverão deitados eternamente,
fazendo contratos de casamento
com pompas e circunstãncia,
depois distrato de consciência,

Vicidos neste Olimpo e tontos pela própria natureza,
venderão realeza a reis,e droga a qualquer fregues.
Que nojo !
Que hipocrisia o eterno discurso político,
que jamais mudará o caminho dos eleitores mal/ditos
Se tudo está perdido
se alguem der o primeiro passo é engolido
Puta vida,
vida de amargar, do útero cheguei,
no agradável, nem é bom falar.-.


Marilene Garcia /livro MORDENDO A LÍNGUA.

domingo, 18 de julho de 2010

NOITE

Hora dos contágios
da reenergização,
do inquieto e fugaz,
da paixão,
dos vicios, do estupro,
da conspiração.
Beijos, nem todos na boca,
olhos nem todos, nos olhos,
hora do calor e do arrepio,
do cataclisma e do cio,
do sobressalto e do assalto,
da anarquia e da cisma,
das bebedeiras e da morte
nas esquinas,
do tiro no ouvido
de perder sentidos,
do falso e do fingido
da comichão no seio
do cortar os pulsos
do orgasmo e do susto
do vomitar segredos
do não e do ter medo.
Anoitecendo as horas
amanheço em mim
repleta de itinerários,
despreocupada com horários
dissimulada ,
clandestina no ópio.
Obsessivamente fascinada
pela escuridão,
pela alegria de jamais ter
portado relógios
e nem por isso ,viver na inquietação.
Noite/não é privilégio, apenas,
de bandidos e ladrões,
prostitutas e rufiões.
Noite/ do viajante
que na claridade se faz, cego,
e que não usa o tempo
para perceber os dias
e na sua loucura
encontrar remédios.
Noite/ para quem se entrega,
entre o contorno da sua fantasia,
e a camuflagem da identidade,
Noite /total rebeldia,
o abandono da blindagem diária,
fora da alucinação do dia a dia.-

Marilene Garcia para o livro NUA&CRUA

VIDA ÍNTIMA

Intimidades
da minha vida nua&crua,
não interessa a ninguem,
nem aos daqui, muito menos, aos do além,
Íntimo
é remontar pedaços
de carne/sangue e suor,
tronco e nervos,
pele, alma e coração,

Lavá-los, perdurar lá fora,
para que após secarem,
desamarrotados,
vesti-los, bem devagar.
Depois,
sair a rua,
não mais nua&crua
e de novo se sujar.
Nesta roda viva de pura náusea
roupa suja, se lava, em casa.

Marilene Garcia para o livro NUA&CRUA

VIDA ÍNTIMA

PARTILHA ( do livro XIRUA)

Desalinho o pensamento, dos nossos dias de amor,
do tilintar das esporas, sem precisar dia ou hora,
dos nossos quartos de lua, por sob arreios eu/nua&crua,
pelas garupas da noite, separamos nosso pasto,
na salamanca da vida, desencontramos o passo,

Mas , não aceito de volta,
o que sempre foi dos dois,
- o perdiqueiro, a guaiaca
ou as chilenas de prata
a casa do joão de barro,
ou o tapete gateado.
Seriam tristes recuerdos,
se voltassem para mim,
a acordeona, a viola,
ou o pala de cetim,
nosso cavalo tordilho,
e a gata, sempre no cio.

Nossos segredos, tu guardas,
nos grilos de outra consciência,
nossos peçuelos enterras,
no pasto e outra querência,
- se o sonho já terminou,
e dele nos acordamos,
só quero que me devolvas,
os beijos que nós trocamos .-

Marilene Garcia do livro XIRUA/1984