quinta-feira, 15 de julho de 2010

DO ÚTERO AO AGRADÁVEL

Nascimento /porto de partida, junta-se pedaços, lambe-se feridas,
joga-se fora, o tal umbigo e inicia-se processo vida/des(v)ida.
Vôo, vôo rasante, vôo radical, na beira do horizonte e coisa e tal.
Acomodam-se neurônios depois desmancham-se em vão.
Se a alma for pequena, a cabeça arquitetando sempre teoremas,
tronco inodoro, membros amorfos,
o que fazer da insipidez que devora.

Batalhões humanos se matam, perdem a identidade e nem por isso, choram.
É matança/rapto/sequestro e a mídia registrando palmo a palmo,
mas, não mostra minha "declaração dos direitos do mar",
meus protestos, contra esse mundo aquinestésico, histérico.
Segue a procissão de carne,sangue,suor, e nervos
obedecendo à cabresto, ditames,regras e preceitos.

Prosaico salientar a disputa por elevadores, luta pelo supérfluo,
náusea pela inveja , descrença nos políticos, paranóia do sexo,
drogadição em qualquer ocasião e no poema/ os críticos...

Depois,
lamber feridas e aos empurrões exercitar a vida,
nessa luta insana de quem chega primeiro
sem escorregar na casca da banana.
Seguir
acomodados no Olimpo Tropical
tal qual gordo açougueiro que come a carne
sem matar o boi, e nem por isso, passa mal.
Fico estática no meio do caminho,
se observo a turba me cortam, esmigalham,
se corro junto, me enxergam na disputa,
ninguém então, me dá sossego,
filhos da puta, da puta vida.

Que nojo!
aos trambulhões entrar nesta olimpíada,
que nem de longe, pensou-se disputar, um dia.

E o resto?
O resto de humanos, resto mesmo, vomitarão idéias,
planos e projetos, dependurados no mecenato estatal,
escreverão leis, sem cumpri-las, jamais,
apregoarão mofadas/emboloradas/desbotadas ideologias,
e deitados viverão eternamente com pompa e circunstância
copulando com suas fantasias.
Que nojo!
o eterno discurso não mudará o rumo dessa procissão de doentes,
se alguem der o primeiro passo, for dissidente, será banido.

Puta vida !
Vida de amargar.
Do útero cheguei,
do agradável, nem é bom falar,
o fim do mundo é isso aí,
e tem besta ,que ainda teima em chegar!-


Marilene Garcia em MORDENDO A LÍNGUA

2 comentários:

  1. Lindissimo Xirua ou Marilene Garcia.
    Parece um libelo contra os maus presságios da humanidade ou toda a carne podre do ser humano imprestável. É por isso que é bom escrever pq jogamos para fora toda a escrotidão do ser humano.......que ainda é belo.
    Parabéns....
    Lucelio Garcia

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