quinta-feira, 15 de julho de 2010

DOR

Náufraga
oceano não engole, nem devolve.
Raízes flutuam contra o vento semi mortas.
A antevisão do terror não concerne gritos
por mais pungente a dor, o sofrimento.
Salmoura entope poros
tatua carne viva com algas mortas
apodrecidas,
enquanto o coração estraçalhado,
a garganta secando e o ventre molhado.
Depois, à deriva, mutilado.

Camaleônica tenta flutuar
tecendo o fim da agonia,
Fúria eclodindo.
Fragmentada foi sina e suor,
superou todos os limites
nem chora mais.
Debruçada na areia
corpo ainda em chamas
bem distante do mar.
Nua & Crua
morta/afinal.-

Marilene Garcia em : MORDENDO A LÍNGUA

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